21 outubro 2010

a maior aventura

O João Maria nasceu. E o mundo foi outro.
O meu mundo mudou, porque mudaram os meus olhos, as minhas mãos o meu coração.Porque se passa a sentir noutra dimensão. Porque tudo é mais verdadeiro, mais duro, mais intenso, mais forte e mais fraco.

O João Maria nasceu e a vida foi outra.
Percebem-se milhares de coisas novas, é-nos revelada uma nova forma de vida - como se passássemos a fazer parte de um qualquer clube secreto até aqui completamente vedado.
 Não se volta  para onde se estava. Para o bem e para o mal. Passa-se uma fronteira sem regresso. A partir daqui, o caminho é outro, a ordem das coisas é outra. Nem sei mesmo se sobra muito do que éramos antes.

Devo lhe a ele esse renascimento. Para sempre. Devo lhe a ele ter- me visto a mim própria de outro lado. Ter compreendido muitas coisas que até aqui eram indecifráveis, veladas, inquietantes. Ter compreendido muito mais coisas acerca do que dizem os olhos da minha mãe e do meu pai,o que diziam os dos meus avós. Porque não há palavras que consigam ir tão fundo.

Ter um filho muda tudo. Sobretudo neste mundo em que nos calhou viver.
Sente-se um bocadinho a sensação da queda livre porque não se pode medir tudo, programar tudo, decifrar tudo. Não se pode controlar tudo como estamos habituados a fazer.
Aprende-se a aceitar o que de mais animal e puro temos.
Perdemos as máscaras, a ordem à muito ditada para os nossos dias.
Somos obrigados a ir mais fundo. A sair da superficialidade com que nos habituamos a ver-nos ao espelho e, ao mesmo tempo,sentimos a revolver cá dentro o que de mais simples, inato e mágico existe em nós.
Obriga-nos a crescer muito de repente - nós, que permanecemos numa espécie de infantilidade latente até tão tarde!
Obriga-nos a correr riscos muito maiores, porque sem qualquer rede, do que alguma vez nos obrigaram a correr - nós que fomos sempre tendo a vidinha mais ou menos organizada!
Ser mãe e filho não é romântico. É duro. É instinto, é sobrevivência.
Sobrevêem a nossas maiores forças e as maiores fragilidades. Ao mesmo tempo. E isso é um turbilhão que nos mudará para sempre. Que nos varre a alma e deixa tudo num reboliço. 
A sensação é que uma nova ordem emergirá e seremos pessoas infinitamente melhores. Porque mais humanos.

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