21 outubro 2010

(re) encontros...



A propósito de várias coisas que acontecem à minha volta, com os meus, e claro, a propósito desta loucura que é a maternidade - tudo gira á volta do meu João, ultimamente! - penso em como é fácil nos aniquilarmos. Em como é fácil perdermo-nos pelo caminho, muitas vezes pelas melhores das causas, muitas vezes sem darmos conta, muitas vezes simplesmente porque estamos a viver a vida que nos é dada a viver. Sem fazermos um esforço por vivermos a que queremos viver.

 É fácil encostarmos o ombro em alguém que nos leve pela mão.

 É fácil ter um porto de abrigo que não nos obrigue a pensar, a questionar permanentemente e assim muitas vezes deixamos de fazer escolhas que realmente nos interessam.

 É fácil ir atrás dos objectivos de uma outra vida qualquer que não a nossa - é mais cómodo no final das contas - acatar os conselhos dos pais, focarmo-nos no bem estar supremo de um filho, seguir as vontades de um amor.

 É fácil vivermos enredados num sem fim de coisas importantíssimas que não tem importância nenhuma e esquecermos de nos deliciar com as nossas músicas de sempre, de perder uma tarde a ler um livro de poemas, de encontrar cada dia novas paixões - perdemos algures a capacidade com que nascemos para nos deslumbrarmos com cada mínima coisa deste  mundo - os olhos pasmos do meu bebé a olhar para cada coisa, cada cor, cada movimento prova-o!.

 Por mais que nos custe, ou que sejamos olhados de lado como uns aliens, ou pessoas a precisar de "um rumo" ou uma "ajudinha" de qualquer fármaco que nos aliene outra vez e nos ponha no " bom caminho" é bom que não tenhamos medo de nos lembrarmos de nós todos os dias! De virar a mesa se for preciso para nos voltarmos a encontrar: estar só quando mandava  a ordem social estar acompanhado, estar lá quando mandava o bom senso estar cá, arriscar quando mandava a prudência reflectir, mudar prioridades quando o nosso coração diz que sim!  

Relembrar os nossos sonhos, as nossas ambições, as nossas metas ou a falta delas, os nossos gostos, as nossas vontades, o nosso tempo, os nossos lugares - tudo  o que nos define como indivíduos e sem o que não podemos de forma  nenhuma ser felizes nem fazer felizes com quem  partilha a nossa vida.

1 comentário:

  1. Querida MB:

    As nossas vidas tocaram-se quando éramos miúdas adolescentes, seguindo por um curto período de tempo em paralelo.

    E se na vida há pequenos prazeres, um deles são estas coincidências:
    encontrar este teu blog e deparar-me com os teus pensamentos, os teus sentimentos, as tuas experiências... tão semelhantes na sua essência às minhas...?!!
    Somos tão diferentes mas...
    Como te entendo, M!!

    Há tão pouco tempo dizia: Não desisti de viver!
    Não desisti de ter a minha vida!
    Não estou pronta para me deixar levar pela vida...
    pelo que é suposto...
    pelo que é mais cómodo...

    Não, não quero!
    Sigo o meu coração e abaixo os "caminhos certos".
    Porque saber viver reside, como dizes de certa forma num outro texto também muito bonito, em saber mantermo-nos em equilíbrio nos altos e baixos da vida.

    É sermos nós mesmas. Nem que o resto do mundo pense que ficamos doidinhas.
    É fazer o certo para nós, mesmo que doa.
    Por nós e por aqueles que amamos e nos amam de verdade.


    Tudo de bom para ti, M!!

    Bjs!
    Xana Lima
    (http://www.facebook.com/profile.php?id=100001610720050)

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